segunda-feira, 26 de março de 2007

Caos desnecessário

Algumas coisas são óbvias demais para passarem batidas. Em várias cidades do país onde Chico Buarque já apresentou o show “Carioca”, as vendas de ingressos foram tumultuadas. Posso contar, com propriedade, a confusão que foi em Belo Horizonte, quando passei quatro horas na fila, tomando sol do lado de fora do Palácio das Artes. Enquanto isso, velhinhos que passavam por ali eram convencidos, por bagatelas, a comprar ingressos na fila preferencial; grávidas e vovós chegavam sem parar, dispostas a quebrar o galho de alguém; até um sujeito plenamente saudável eu vi chegar de muletas, só para ir direto à fila preferencial.

A minha epopéia de quatro horas foi até pequena, considerando que muita gente passa 14 ou mais antes de garantir o lugar numa noite de show. Mas, convenhamos, quatro horas para comprar ingresso, e vendo o começo da fila engordar, sem que o resto da fila ande, isso é... foda. Na última segunda-feira, dia 19, o público do Recife conheceu essa sensação. O que agrava a indignação de quem vivencia isso é a evidência de descaso por parte das produções, que com duas medidas simples poderiam evitar confusões desse tipo – bastava querer:

1. Contratar seguranças para, desde o começo do dia (começo mesmo, lá para as 5h), organizar as filas e impedir os furos;

2. Estipular um número (razoável) máximo de ingressos por comprador, como cinco ou seis.

O pior de tudo é ter consciência de que foi humilhado, desrespeitado, e ainda assim sair contente e feliz, confortado por saber que, dali a algumas semanas, vai assistir pessoalmente ao espetáculo que é “Carioca” e, mais que tudo, vai ver de perto, provavelmente mais perto que nunca, Chico Buarque.

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