segunda-feira, 16 de abril de 2007

Eu fui!

Sabe aquele negócio de que todo mundo na vida deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro? Na minha lista, umas vinte coisinhas podem ser acrescentadas a essas três. E uma delas já posso riscar: eu fui ao Abril Pro Rock.

Quando via na televisão matérias sobre o festival, achava o máximo, queria muito conhecer, mas nem Pernambuco eu conhecia. Minha vontade era comparecer aos três dias, mesmo sem gostar de todas as atrações – a maioria eu nunca ouvi, na verdade –, mas, por motivo de força maior (sempre quis usar essa desculpa), uma viagem, especificamente, fui só na sexta, primeiro dia.

Calcei meus coturnos e fui ver os Mutantes. Sim, o principal show da primeira noite da 15ª edição do Abril foi dos Mutantes. E foi ótimo! Confesso que mais de uma vez tive vontade de chorar, emocionada por estar diante de uma banda (ainda que reformulada) revolucionária da música brasileira e que serviu e serve de influência para tanta gente. O show é lindo, a banda é ótima, a iluminação é perfeita, o Sérgio Dias é foda, o Arnaldo Baptista é louco, e a Zélia Duncan é inteligente.

Explico-me: o Sérgio parece o pai de todos, aquele que coloca uma certa ordem no negócio. Canta, toca guitarra, faz uns solos bacanas. O Arnaldo... Bem, o Arnaldo parece uma criança no palco, fazendo brincadeiras, alegre o tempo inteiro, como se estivesse em sua primeira apresentação. Quando a platéia gritou “Arnaldo! Arnaldo!”, fez uma expressão mista de timidez e felicidade, quase infantil, que me comoveu. Quanto à Zélia, pareceu-me humilde ali, consciente de seu papel, sem pretensão de substituir nem ofuscar ninguém. Julguei-a uma mulher de sorte. Pontos altos: “Ando meio desligado”, “Top top” e “Batmacumba”.

Outro showzão foi da Nação Zumbi, que não tocou nenhum sucesso da era Chico Science e ainda assim manteve o público empolgado o tempo todo. O que o APR tem de diferente, para mim, é a programação, que mescla poucos grandes shows com bandas menores e menos conhecidas; a estrutura bem montada no Centro de Convenções, com espaço para estandes, esculturas e até exposição de carros tunados; o público, diversificado, curioso, atento, tranqüilo (talvez porque eu não tenha ido à noite em que tocaram Marky Ramone, Ratos de Porão e Sepultura...); a história do festival, que valoriza bandas independentes, é eclético e democrático.

Destaque para a pipoca do DJ Popcorn, “a pipoca mais deliciosa que já comi em toda a minha vida”! Não haveria guloseima melhor para brindar minha estréia no Abril Pro Rock, na noite em que ele comemorou 15 anos.