sexta-feira, 28 de março de 2008

Leia o livro!

Foi impossível para mim não associar "Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia", de Nelson Motta, a "Chatô, o rei do Brasil", de Fernando Moraes. As duas biografias narram a história de figuras ilustres, Tim e Assis Chateaubriand, que tinham em comum a coragem, ousadia e liberdade para fazer absolutamente tudo o que desse na telha. Essa conduta trouxe para ambos, naturalmente, muitos problemas e até hoje divide admiradores e críticos. Sobre Tim, há quem diga que fazia apologia às drogas, não tinha postura profissional por faltar a tantos shows, era inconseqüente por dizer o que lhe passasse na cabeça, entre muitas outras coisas. Um fato, porém, não se pode negar: a musicalidade de Tim era (e é) irresistível.

Das primeiras gravações, passando pela fase racional até a tática "meio esquenta-sovaco, meio mela-cueca" (ele afirmava que seu sucesso vinha daí: alternar canções românticas e animadas), o som desse carioca – a soma entre seu vozeirão e sua enorme exigência técnica - é brilhante. Nem mesmo quando foi tomado pelo radicalismo da crença no livro "Universo em Desencanto" Tim perdeu qualidade. Ao contrário: Racional I e II, os discos dessa época, embora não tenham feito sucesso quando lançados, hoje são raridades disputadíssimas e, de uns anos pra cá, têm sido redescobertos e freqüentado muitos shows e festas no Brasil todo. Imagino se ele iria adorar ou abominar essa repercussão tardia, já que, após se "libertar" do Racional Superior, Tim passou a renegar sua produção daquele período. Eu defendo a idéia de que ele deveria ter feito novas versões (as melodias são deliciosas, mas as letras cansam pela pregação) e relançado esses álbuns.

Indico o site do livro, que tem material complementar como outras fotografias e links de vídeos no YouTube, além de todas as músicas mencionadas no livro, para audição. Dá para deixar tocando desde a primeira e curtir atéééé a centésima vigésima primeira! Estão lá os mega sucessos como Descobridor dos Sete Mares, Vale Tudo, Sossego, Me dê motivo, Do Leme ao Pontal... mas também registros mais antigos, nos quais o timbre do cantor parece até soar diferente. Talvez a explicação seja porque em Coroné Antônio Bento, Cristina, Não vou ficar, Idade, entre outras, sua voz ainda não estivesse contaminada pelas décadas de triatlo (álcool, maconha e cocaína) que viriam. Nas gravações da fase racional, quando Tim permaneceu careta, essa diferença também fica evidente.

Agora, se você quer conhecer todas as loucuras que Tim Maia aprontou antes de nos deixar, há 10 anos (ele partiu em 15 de março de 1998), trate de conseguir um exemplar da biografia escrita por Nelson Motta e arrumar uma tarde livre, pois esse é todo o tempo de que se precisa para devorar as 392 páginas. Talvez até se gaste mais, mas só porque esse livro é daqueles que ficamos com dó de terminar, à medida em que nos aproximamos do fim. Aproveitando frases do Tim Racional: Não perca tempo! Leia o livro "Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia".


terça-feira, 25 de março de 2008

Para os desmemoriados, YouTube

Tem coisas na vida que eu presencio mas, tomada pela emoção, não me dou conta de como foram exatamente. O problema é que isso geralmente ocorre com momentos agradáveis e, não, o contrário, como seria conveniente. Prova desse fenômeno são alguns shows a que já assisti. Dias depois, amigos que também estavam na apresentação dizem: “lembra aquela hora em que ele cantou tal música? Foi ótimo!”, e eu respondo: “ele cantou essa música?!?!”. Não sei por que isso acontece comigo, talvez eu fique tão extasiada que nem consiga memorizar certas passagens.

Para me ajudar, existe o YouTube e existem milhares de pessoas que postam no YouTube registros de momentos que adoro recordar. Um deles é a versão de Jamie Cullum para “Dindi”, de Tom Jobim, no show em Belo Horizonte, em 2006. Foi incrível vê-lo, ao vivo, cantando (ou esforçando-se muito para cantar) em português uma música que não era a manjada “Garota de Ipanema”. E eu estava lá!