sábado, 31 de março de 2007

Lost (my patience)

Há uns cinco meses eu não sabia nada sobre Lost. Aliás: sabia que é uma série de enorme sucesso mundial. Até que me emprestaram as duas primeiras temporadas e, como muita gente que assiste a algum episódio, fiquei viciada. Todo o tempo que permanecia em casa era para ver Lost. Havia, claro, a comodidade de ter todos os CDs à minha disposição e, portanto, não precisar aguardar uma semana – ou meses, no caso de final de temporada – para acompanhar o desenrolar de alguma cena. Depois de assistir aos 14 DVDs das duas caixas, fatalmente caí na angústia de esperar o início da terceira temporada e, hoje, assisto aos episódios poucos dias depois de terem sido exibidos nos Estados Unidos, graças ao sensacional esquema que me permite baixar arquivos de vídeo e legendas em (nem sempre bom) português, para matar minha curiosidade (o que nem sempre é possível também).

E é aí que se encontra a questão: não param de surgir mistérios naquela bendita ilha! Cada situação resolvida desencadeia outros novos suspenses! Só sei que eu, como telespectadora assídua, sinto muita falta de explicações. Há vários temas aguardando desfecho, como: 1) a fumaça preta monstruosa; 2) os ursos polares; 3) o caixão vazio do pai do Jack; 4) o projeto Dharma; 5) a relação entre a ex-mulher do Desmond e o submarino; 6) a presença dos Outros na ilha e o motivo pelo qual eles seqüestravam e matavam sobreviventes do desastre de avião; 7) a doença misteriosa que matou os companheiros de Danielle Rousseau; 8) a relação entre os sobreviventes, cujo passado os flashbacks mostram que está entrelaçado etc etc etc. Isso sem mencionar as inúmeras teorias malucas que aparecem sobre outros fatos e detalhes do seriado. Meu medo é de que, no fim, nada fique muito bem explicado, e os roteiristas inventem uma bobagem qualquer só para justificar essa bagunça.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Caos desnecessário

Algumas coisas são óbvias demais para passarem batidas. Em várias cidades do país onde Chico Buarque já apresentou o show “Carioca”, as vendas de ingressos foram tumultuadas. Posso contar, com propriedade, a confusão que foi em Belo Horizonte, quando passei quatro horas na fila, tomando sol do lado de fora do Palácio das Artes. Enquanto isso, velhinhos que passavam por ali eram convencidos, por bagatelas, a comprar ingressos na fila preferencial; grávidas e vovós chegavam sem parar, dispostas a quebrar o galho de alguém; até um sujeito plenamente saudável eu vi chegar de muletas, só para ir direto à fila preferencial.

A minha epopéia de quatro horas foi até pequena, considerando que muita gente passa 14 ou mais antes de garantir o lugar numa noite de show. Mas, convenhamos, quatro horas para comprar ingresso, e vendo o começo da fila engordar, sem que o resto da fila ande, isso é... foda. Na última segunda-feira, dia 19, o público do Recife conheceu essa sensação. O que agrava a indignação de quem vivencia isso é a evidência de descaso por parte das produções, que com duas medidas simples poderiam evitar confusões desse tipo – bastava querer:

1. Contratar seguranças para, desde o começo do dia (começo mesmo, lá para as 5h), organizar as filas e impedir os furos;

2. Estipular um número (razoável) máximo de ingressos por comprador, como cinco ou seis.

O pior de tudo é ter consciência de que foi humilhado, desrespeitado, e ainda assim sair contente e feliz, confortado por saber que, dali a algumas semanas, vai assistir pessoalmente ao espetáculo que é “Carioca” e, mais que tudo, vai ver de perto, provavelmente mais perto que nunca, Chico Buarque.

terça-feira, 13 de março de 2007

Tem alguma coisa errada...

Uma pesquisa do Dieese em seis capitais brasileiras aponta que os trabalhadores do setor público ganham mais que os do setor privado e os autônomos. Ainda de acordo com o levantamento, a cidade em que os salários são mais altos é São Paulo, seguida de Porto Alegre, Distrito Federal, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Enquanto um frentista de São Paulo recebe R$ 700 por mês, um do Recife ganha R$ 468.

Devo dizer que ainda não percebi nenhuma discrepância gritante na diferença do custo de vida entre BH e Recife. Mas será que, na comparação com São Paulo, também não há variação? Será que se o frentista paulistano recebesse R$ 468 ele conseguiria viver em São Paulo nas mesmas condições em que vive o frentista recifense no Recife?

Outra observação: todos reclamamos do governo federal, por um motivo ou por outro. Consideramos péssima a qualidade de vários serviços que o Estado deve nos prestar, sobretudo nas áreas de saúde, educação e segurança, enquanto nós não podemos deixar de pagar nenhum imposto e blá blá blá, velho discurso batido. Em contrapartida, muita gente sonha em trabalhar exatamente nessa instituição tão injusta e fracassada. Cursinhos com aulas específicas para concursos proliferam, a concorrência é cada vez maior e cresce também o número de pessoas que dedicam meses ao estudo a fim de passar num concurso público e ter garantido o (muitas vezes ótimo) salário e a aposentadoria. Mas não soa incoerente?

quarta-feira, 7 de março de 2007

Ah, o ócio (e a teoria bbb)

Ando tão sem inspiração que, vejam, coincidentemente só publico algo às quartas-feiras. Estou até pensando em padronizar isso, pelo menos enquanto a inspiração não vem. Um dos passatempos que adquiri, neste período de verme em que me encontro, foi o de assistir ao Big Brother Brasil 7. Ah, vai... eu me deixo cativar facilmente pelos mecanismos fajutos da televisão.

O fato é que notei algo: embora não tenha acompanhado todas as edições (na verdade, acho que só a primeira e, agora, esta), percebo que o desenrolar do programa não varia tanto assim, e o vencedor fica definido semanas antes do encerramento. Se houvesse bolsas de apostas para o resultado final do BBB, muita gente dividiria o prêmio principal. Quanto às eliminações semanais, não sei, são mais ou menos previsíveis de acordo com os componentes de cada “paredão”.

O que quero mesmo atestar neste post é a burrice dos participantes. Nunca entrei ali, não sei o que se passa na cabeça de quem lá está e, talvez, eu me comportasse como eles se estivesse na mesma situação. Mas fico indignada com a evidência de algumas coisas das quais eles parecem não se dar conta. Coisas do tipo:

- A pessoa ou o grupo mais excluído, ridicularizado ou subestimado pelos outros vai ganhar mais a simpatia do público, que vai sentir pena ou se identificar;

- Quanto mais isolado e depressivo ficar um participante cujos amigos foram eliminados, mais solidário será o público com ele;

- Quanto mais um participante for indicado para sair e, na votação do público, ficar, mais forte ele se tornará;

E por aí vai. A questão é: o comportamento se repete, e os vencedores sempre serão aqueles transformados em vítimas – e posteriormente em campeões – pelos demais integrantes cegos o suficiente para não vislumbrar esse processo.