Sobreviver, segundo o Aurélio, é continuar a ser, a viver, a existir. O advogado de Paulo Medina, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse há dois dias que seu cliente, mesmo afastado do cargo, não poderia abrir mão do salário de R$ 23 mil porque não sobreviveria. Com esse termo, exatamente. Vi no telejornal e tenho testemunhas.
Desde então me pergunto: haveria colocação mais infeliz? Mais ultrajante? Mais ofensiva aos milhões de brasileiros e pessoas do mundo todo que sobrevivem, a duras penas, com menos de R$ 23 mil mensais? Não creio.
Será que o senhor Paulo Medina, mesmo com um salário tão alto, mesmo – [acrescento aqui a palavra “supostamente”, porque não quero complicações com a Justiça, tento ser cautelosa com o que escrevo e, ademais, não se pode confiar nesses juízes...] supostamente - cobrando fortunas para usar seu poder a favor de alguns, não conseguiu juntar um dinheirinho para sobreviver? Será que ele se esqueceu de considerar a possibilidade de sua – suposta – prática ilegal ser descoberta, e agora não tem como se recusar a receber o salário, caso contrário morre? Será que o ministro sofre da mesma imprudência do seu advogado? Ou é só deboche mesmo?
O senhor Antônio Carlos de Almeida Castro, como homem estudado (que certamente é) e cauteloso com as palavras (que deveria ser, sobretudo por ser advogado e advogado de gente importante que paga bem para se safar das sacanagens que faz), não pode dar-se ao luxo de cometer um deslize tão feio. Poderia ele ter dito que Paulo Medina não abriu mão do salário para manter o atual padrão de vida. Mas, não: Paulo Medina não sobrevive se não for com pelo menos R$ 23 mil depositados mensalmente em sua conta bancária. Ele deixa de viver, de existir. Ele morre.
3 comentários:
Isabela,
o comentário do caboclo me deixa tão perplexo quanto você, mas meu senso de má vontade coletiva atual me leva a dizer, como meu argumento final de momento, o seguinte:
ninguém que apóia o capitalismo pode se revoltar contra as divergências astronômicas e nem o beneficiário situacional é obrigado a se solidarizar com a miséria alheia.
Clamar por humanidade, num modelo econômico endossado por todos e que continua perpetuado graças ao desejo interno de cada brasileiro de, um dia, receber o tal salário de R$23 mil, é incoerência.
Não estou dizendo que concordo, que fique claro. Só estou dizendo que, nesse cenário, o cara tem todo o direito de querer mais é que se f...
Maio?
tamo em julho!
A respeito do pastel de angu, podemos esclarecer mais detalhes a quem interessar, pois somos da Maria Angu, fabricante do delicioso pastel.
Com relação à falta dos pasteis nos bares de Recife, não nos é dificil enviar para lá. Basta termos um contato na região, para ser o intermediário.
www.mariaangu.com.br
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